sábado, 29 de agosto de 2009

Luka


É incrível o quanto você se apega a um ser que não fala nenhuma palavra e ao mesmo tempo diz tanta coisa,quem tem um companheiro de estimação sabe o que eu to falando,(falo companheiro,porque eles são mais que só "animais de estimação").É aquele ser que tá ali,sempre pronto pra tentar te confortar,quando você chega da rua,te recebe com tanto carinho e excitação que a única coisa que consegue fazer é ficar totalmente inquieto até você falar com ele.

Te escuta como ninguém,e nunca te censura,te abraça e te lambe de um jeito honesto,sem nenhum tipo de interesse.Consegue expressar um amor puro,com um simples abanar de rabo.Te procura de noite pra dormir com aquela sensação de segurança e dorme um sono que desconhece preocupações,porque está ali com seu companheiro q não é só seu dono ou dona,é seu amigo,irmão,irmã,mãe,pai,guardião,é aquele companheiro por quem ele é capaz de ficar horas,até dias olhando uma porta só pra ver chegar e fazer aquela festa cheia de latidos pulos e alegrias.


Eu tenho uma relação dessas com a Luka,minha cachorra,que já chorou,latiu e fez aquela cara de alivio botando a língua pra fora,do meu lado e do lado da minha família que também é tanto minha família quanto dela.É engraçado que eu sempre vi ela ali,sempre imaginei ela perto,nunca imaginei ela envelhecendo.E um dia vem um susto um baque da vida,pra avisar que nada é para sempre,a Luka minha companheira,que eu gosto de chamar de irmã,está com catarata em um dos olhos.As escadas que ela descia com rapidez sempre que escuta uma voz amiga e conhecida no portão,agora precisam de mais cuidado e mais tempo para serem percorridas,as camas que ela procura refugio,as vezes encontra dificuldades para subir,mas claro que sempre eu e minha família tentamos retribuir todo o carinho que ela dá para gente.Porque ela merece,já que transmite um amor tão sincero,puro e leal,apenas com seus gestos e seu olhar.E em troca só pede que retribuamos da mesma forma,com carinho,amor e atenção.



Targino

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Noite


Era uma vez uma menina que vivia no mundo real, levando uma vida considerada normal em um mundo comum. Um dia um bichinho do amor a picou e ela ficou totalmente apaixonada. Via o mundo cor-de-rosa e achava que tudo era felicidade. Resolveu se entregar fundo àquele amor, e foi totalmente verdadeira, verdadeira por demais. Contou tudo o que sentia, e acuado o amado se afastou.
Com vergonha do mundo, a menina foi se esconder numa caverna dentro da escura floresta, e lá dentro se acostumou com o frio e a solidão. Não sabia mais o que era calor, o que era braço. Tinha medo do amor.
Um dia um jovem caçador, passando pela redondeza, viu a menina e se espantou. Ela tinha uma aparência triste, abatida: cabelos desgrenhados, olheiras enormes, roupas sujas; porém no fundo ele viu uma beleza singular e foi perguntar o porquê daquele pequeno ser se encontrar ali. Com medo do caçador, que irradiava calor, pois vinha do contado com o sol, a menina adentrou mais ainda a caverna, querendo se proteger. Não contava ela com o poder de insistência do homem, que entrou também e continuou a perguntar. Com medo daquele intruso, a menina choramingou e com um abraço acolhedor o caçador a acalmou como ninguém nunca havia feito.
No abraço ela sentiu o calor novamente e o frio que a cercava foi indo embora, assim como ela foi saindo da caverna, sem nem mesmo entender como tudo aquilo estava acontecendo. Lá fora ficaram caçador e menina abraçados, e abraçados ficaram até o anoitecer.
Quando a lua chegou ao céu, a menina então pensou que todo aquele calor iria embora com o sol e que sua frieza viria com a lua. Abaixou a cabeça e se direcionou ao interior da caverna, que tinha sido sua moradia durante todo esse tempo. Quase com os pés dentro da gruta, o caçador pegou a sua mão e a virou, apontando pro céu: lá em cima, passou uma estrela cadente, e com ela uma luz enorme se projetou no rosto da nossa menininha. Ela recebeu luz e inacreditavelmente percebeu que emitia calor novamente: o calor vinha todo do seu coração.
Ambos sorriram e a cada sorriso aumentava o calor. Agora saiam faíscas dos seus corpos, e aquilo só os divertia. As faíscas atingiram alguns ramos próximos e aos poucos o que era somente calor corporal passou a chama, que formou um incêndio na floresta.
Tudo era fogo e risos, e mesmo com o desespero dos animais, menina e caçador ficaram ali, no meio das labaredas, somente os dois, ainda rindo, ainda em chamas, ainda vivos.


Mah

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Casual

Só tive um namorado, sabe, e ele foi pra valer mesmo, tanto que quando terminamos fizemos
uma única promessa: sermos sempre amigos. Amigos mesmo, daqueles que
você chama pra ir comprar o presente de dia das mães pra sua mãe ou que
o escuta falar de uma boa transa da noite anterior.
Pois bem, meu ex-namorado- grande- amigo e eu marcamos um dia desses de
sair com outros amigos pra tomar uma cerveja, bater um papo. Essas pessoas
levaram mais gente, e ai fez um grupo interessante, o que ao todo não foi ruim. Papo
vai, cerveja vem, viro pro lado e meu amigo está lá, rindo, porém no cantinho dele.
Me aproximei discretamente e perguntei :

- O que foi?Por que ainda não ta junto de ninguém?
-Sei lá, de boa aqui mesmo só tu. -ele disse.

Ok. Sempre fazemos essas piadas do tipo. Relaxa.

-Meu bem, hoje não, hein. Tô querendo carne fresca. -ri.
-Poxa. Recordar é viver, amor.

Ok. Babaquice é com a gente mesmo. Relaxa.

-Ta com saudade, né?-brinquei.
-Hoje acordei pensando nas nossas noites juntos, sim. -ele disse, com aqueles
olhos negros fixos em mim, e deu um passo a frente.

Ok. Isso não foi num tom de ironia.Relaxa um pouco menos.

-Sabe que eu tenho saudades algumas vezes?Mas nessas horas eu tento lembrar as brigas
. -desconversei.
-As brigas fizeram parte do namoro. Hoje eu estou com saudade da cama.

Ok. Isso começou realmente a me assustar. Ele queria mesmo, e eu não
sabia o que pensar sobre isso. Sempre tive tesão por ele, e isso ainda não tinha
terminado, mas o nosso relacionamento sim, e uma recaída dessas poderia ser terrível
pra mim. O que fazer agora? Respeitar os meus impulsos ou descartá-lo?

Nunca consegui ser uma pessoa fria. Frigida realmente não é um dos meus adjetivos.
Não resisti, relaxei o corpo e ele percebendo, foi chegando mais perto.Sim, matamos
a saudade, e foi ótimo.Depois, como eu me senti? Péssima, toda recaída faz isso com a
pessoa, deixa ela confusa.Mas eu aproveitei o momento, e é isso que importa.Não é?

Mah