domingo, 29 de março de 2009

O homem da estação-parte II




Era 20 de março,começo de outono.Peguei meu casaco como forma de prevenção ao vento frio e sai.Cinco anos,já fazia um bom tempo,mas mesmo com o passar dos anos eu sempre ia todos os dias do outono ao parque(e outros dias do ano também)sentar de baixo daquela macieira e tocar meu violão.Sim,agora eu sabia tocar(mal,mas sabia).Não sei como começou isso,se foi como forma de trazê-lo de volta ou querendo repetir aquela sensação maravilhosa de êxtase ao escutar o violão,mas eu comecei a fazer aulas logo em seguida ao nosso encontro.Não é a mesma coisa,óbvio,mas sempre que toco me sinto mais perto dele.
Lá estava eu dedilhando pequenas notas, tão entretida naquelas lembranças, que nem notei quando ele chegou. Simples, calado e só, pequeno como uma formiga (isso é uma metáfora, ele é um pouco mais alto que eu na verdade).Quando dei por mim,no fim de uma música,percebi aquele par de olhos negros vidrados nas minhas mãos .De imediato eu me arrastei para trás,lembrando do noticiário avisando sobre a crescente onda de assaltos.Ele não se movimentou tentando pegar algo de mim,simplesmente disse em sua rouca voz:
Por favor,não pare.
Naquele instante eu me vi.Era eu ali,cinco anos atrás:hipnotizada por uma melodia feita por um estranho(neste caso,uma estranha).Mas dessa vez ele tinha dado um passo a mais,pronunciado algumas palavras.Que corajoso!E que boba eu fui...
Com todos aqueles pensamentos em mente,eu revivi todos aquela sensação hipnótica,e espontaneamente comecei a tocar.Ele não fez nenhum sinal de agrado,somente deitou,fechou os olhos e ficou ali,parado.As pontas dos dedos da sua mão ora dançavam no ritmo da musica,ora brincavam com a grama.E eu ali,revivendo aquilo.Depois de algum tempo,vi que tudo tinha mudado.Antes era eu ali,conhecendo a mim mesma,e agora eu estava ali,mas como meio para ajudar o outro a se conhecer,eu tinha me tornado uma sedutora mulher com um violão mágico,assim como meu antigo(?) amor.
Aquela descoberta me assustou e como num passe de mágica eu me vi correndo longe daquele homem deitado na grama. Da rua eu o vi ainda ali, sentado, anestesiado. Nem tinha reparado a minha ausência. O que ele estava pensando?O que ele estava descobrindo?O que ele estava lembrando?Eram sensações boas ou ruins?Senti-me curiosa, instigada a voltar e fazer mil perguntas, porém parei. Não tinha o direto de perguntar nada pra ele, ele mal me conhecia. E de mais por mais, se ele quisesse um maior contato comigo, voltaria no parque mais uma vez, assim como eu fiz.


PS:Devido a alguns comentários no post anterior,eu resolvi continuar o conto.No fim vai virar uma trilogia,então esperem até quinta para conhecerem o fim desta história.


Mah

5 comentários:

Leleka disse...

liindo esse teu conto!!
realmente pensei que fosse verdade de tao real que parece ser, hehehe!
bjoos

Marcela disse...

Maaaah..
que liiindo *--*

Me deu até vontade de tocar agora.. ;~

;@@

mclara disse...

se eu passar a senha do blog para vc.
vc personaliza o nosso blog?
não sabemos mexer nisso.
template e outros beijao
mclara

T disse...

adorei!

Alessandra Castro disse...

Quase senti uma brisa aki. :)